
 Rogério Alves, advogado - A cidade de Bacabal vive um momento de extrema insatisfação popular, traduzido não apenas nas críticas ao cenário urbano, mas também no resultado das recentes eleições municipais.
Rogério Alves, advogado - A cidade de Bacabal vive um momento de extrema insatisfação popular, traduzido não apenas nas críticas ao cenário urbano, mas também no resultado das recentes eleições municipais.A população enfrenta problemas graves, como a sujeira que toma conta das ruas, animais soltos que agravam o caos no trânsito e uma infraestrutura básica deficiente. A água que sai das torneiras do centro da cidade, frequentemente descrita como "lama", simboliza a indignação dos bacabalenses com a qualidade de vida oferecida pelo atual governo.
O reflexo desse descontentamento ficou evidente nas urnas. Mesmo com o expressivo número de votos que garantiu a eleição de Roberto Costa (MDB) como próximo prefeito, o desempenho de Marcos Miranda, empresário com poucos laços na cidade, chamou a atenção. Em menos de 50 dias de campanha, Miranda conquistou mais de 23 mil votos, provando que o eleitorado buscava alternativas e mandava uma mensagem clara à atual gestão.
Edvan Brandão, o atual prefeito, pode ser considerado o maior derrotado deste processo eleitoral. Sua administração foi marcada pela distribuição de mais de 4 mil contratos temporários, uma prática que, embora tenha garantido apoio político momentâneo, revelou-se insustentável a longo prazo.
Após a vitória de Roberto Costa, ficou evidente que o esforço de Brandão e seu staff não resultou em reconhecimento político. O prefeito sequer teria recebido manifestações de gratidão por parte dos beneficiários de sua máquina eleitoral.
Além disso, o futuro dos secretários municipais e candidatos não eleitos ligados ao atual governo é incerto. A partir de 1º de janeiro, muitos não sabem a quem recorrer, evidenciando uma gestão fragmentada e sem alinhamento estratégico para a transição.
Esse cenário expõe os riscos de práticas políticas baseadas na troca de favores, como o voto de cabresto e a oferta de empregos sem estabilidade.
A população de Bacabal, ao optar por um modelo de governança que prioriza vantagens imediatas em detrimento do planejamento e da sustentabilidade, perpetua um ciclo de ineficiência administrativa.
Os prejuízos não são apenas para o grupo político em questão, mas para a cidade como um todo. Enquanto problemas estruturais graves continuam a afetar a vida dos bacabalenses, o clientelismo político compromete qualquer chance de progresso real e duradouro.
No entanto, a mudança de comando abre uma oportunidade para Roberto Costa provar que está comprometido com as demandas da população. Resta saber se o novo prefeito conseguirá superar os vícios administrativos e políticos que marcaram a gestão de Edvan Brandão, ou se Bacabal continuará refém das velhas práticas que tanto prejudicam seu desenvolvimento.
Para os eleitores, a lição que fica é a necessidade de um voto mais consciente e responsável. A venda do voto em troca de empregos precários ou benefícios passageiros pode ter consequências graves, colocando em risco não apenas a qualidade da gestão pública, mas também o futuro da própria cidade.
 
