Jornalista
Na Argentina a Copa do Mundo foi usada como cortina para que se submeta à aprovação o projeto que legaliza o aborto no país.
Na própria Rússia, sede da competição, Puttin mandou ao parlamento várias medidas polêmicas que sem o evento teria grandes para aprovar.
Aqui no Brasil o martelo foi batido: os planos de saúde que já cobram mensalidades pela hora da morte, foram contemplados com a autorização para aumentar em até 10 por cento a facada nos nossos bolsos moribundos.
No mesmo período o Supremo mandou soltar Dierceu, Genú e outros menos encrencados. Por outro lado, varreu para debaixo do tapete várias investigações que enlameavam políticos ligados a Geraldo Alckmin e a partidos que o apoiam.
Não vou discutir aqui o mérito de nenhuma dessas decisões, principalmente porque não sou jurista. Nem tão pouco vou me incorporar a grupos que aplaudem o Supremo quando manda Lula para cadeia já na segundo instância e apedreja e vaia o mesmo STF que mandou anular material recolhido no apartamento funcional da senadora Gleisi Rofmann. Por entender que o material foi colhido em flagrante violação ao que manda a Constituição quanto ao resguardo do domicílio do paralamentar. No caso em questão a violação foi feita por decisão imprópria de juiz de primeira instância, quando a competência exclusiva seria de um juiz de Corte superior.
A Copa do Mundo, o pé de Neymar, a garfada do juiz no jogo contra a Suíça –tudo é mais importante do que as decisões que estão sendo tomadas, por mais importantes que elas sejam.
O Brasil em que vivemos tem sido palco para que se discutam as prerrogativas do Ministério Público, da Polícia Federal, dos parlamentares.
E eu, cidadão, como é que fico?
Quem vai defender os meus direitos?
Direitos de cidadão que estão sendo atropelados desde que o Brasil deixou de ser uma nação e se transformou numa enorme delegacia de polícia.
Cadê o direito a que eu só cumpra pena depois de condenado em definitivo? O direito à presunção de inocência? O direito a só pagar multas por atrasos de pagamento quando o meu salario estiver em dia? O direito a quando houver esses atrasos que eu até pague a multa, sabendo que serei ressarcido pelo empregador, especialmente quando esse empregador for o próprio estado? O direito a que se o meu salario não pode ser indexado, também não podem a gasolina, o gás, a energia elétrica, os planos de saúde?
Quando algum político vai defender as minhas prerrogativas de cidadão –se não as tenho ainda, deveria ter- que estão sendo surrupiadas na sanha policialesca que tomou conta do nosso país? Existe alguma esperança.
E por falar nisso, será que o Brasil vai ser hexa, Galvão?