Antônio Melo: Bolsonaro acima de tudo. E o brasileiro, hein?

Antônio Melo, jornalista - Será que o brasileiro consciente que votou no presidente Jair Bolsonaro e tem senso crítico, capacidade de raciocínio, analisa fatos, atitudes, medidas, arroubos, comportamentos, revelações, estaria disposto a repetir o voto sabendo o que sabe hoje?

O fato de o presidente governar e usar as redes sociais para fomentar a divisão para que vivamos em um estado de ódio permanente, desacredite instituições nacionais respeitadas no mundo como o IBGE e o INPE, querer indenizar devastadores da floresta com dinheiro internacional destinado à preservação dessa mesma floresta- não faria você repensar sua escolha?
Passados mais de 200 dias de administração, a inexistência total e absoluta de um plano de governo que aponte rumos para o país já cansado de ouvir o presidente denunciar Dilma e Lula pela falta de chuva ou o excesso dela, pelo desemprego que continua castigar 12 milhões de brasileiros e fazer 25 milhões de subempregados... Ele, Bolsonaro, pelo menos já garantiu uma colocação para Eduardo, o filho, no posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Mesmo assim você, brasileiro esclarecido, não se abala? Continua Bolsonaro acima de tudo e Deus acima de todos?
Um presidente que confessa saber quem matou Fernando Santa Cruz, desmentindo documentos do governo, inclusive da Aeronáutica, atestado de óbito, depoimentos de testemunhas contrariando tudo o que se sabe até hoje; se sabia tinha o dever de informar –muito mais agora, como presidente da república. Dona Elzita, a mãe de Fernando, com ajuda de Sobral Pinto, de Dom Paulo Evaristo Arns, do escritor Alceu Amoroso Lima passou mais de 40 anos com o filho na relação dos “desaparecidos”, morreu aos 105 sem saber o paradeiro dele. Bolsonaro acusou-o de ser terrorista, em Recife. Na verdade, Fernando Santa Cruz quando “desapareceu” vivia e trabalhava em São Paulo na Companhia de Águas do governo estadual e antes fora funcionário do Ministério do Interior da ditadura, no Rio de Janeiro. Segundo consta, nunca pegou em armas contra a ditadura.
Ou o presidente revela o que sabe ou vai fazer parte do rol daqueles que não se escreve o que eles dizem, sob pena de a gente é quem ficar como mentiroso. Mas há os que, mesmo assim, continuam Bolsonaro acima de tudo.
Para finalizar o raciocínio do eleitor que votou no Messias, mas quer o melhor para o Brasil, admitimos que nosso presidente nunca negou que é -e sempre foi- um defensor intransigente da ditadura e, até, dos torturadores. Coerente, declarou isso na Tv, em entrevistas, também em voto exaltando a memoria do coronel Ulstra, expoente dos torturadores nacionais.
O que você, eleitor esclarecido dele acharia se estivesse assistindo ao julgamento de um criminoso acusado de vários crimes em que o júri fosse composto pela mãe e o pai do criminoso, a esposa do criminoso, um filho do criminoso?
Pois bem: os novos integrantes da comissão de mortos e desaparecidos que apura os crimes cometidos durante a ditadura, nomeados pelo Messias são: Marco Vinicius Pereira de Carvalho filiado ao PSL de Santa Catarina; Weslei Antônio Maretti - Coronel reformado, defende nas redes sociais a ditadura e torturadores; Vital Lima Santos - Oficial do Exército, assessor do chefe de gabinete do ministro da Defesa; Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro, 24 anos - Deputado federal pelo PSL-PR, entusiasta da ditadura, protocolou na Procuradoria-Geral da República pedido de prisão temporária do jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil. O novos integrantes são justificados por Messias Bolsonaro por ele ser “um presidente de direita”.
Ah, tá. Entendi. É Bolsonaro acima de tudo. E nós... nem é bom dizer.

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