Antônio Melo, jornalista - María Teresa Belandria Expósito é oficialmente a nova embaixadora da Venezuela no Brasil, representando o governo Guaidó. Ora, já falavam por aí que o nosso país não é lá muito sério. E agora vem essa. Veja você: nossos vizinhos devem centenas de milhões de dólares ao Brasil. Com o gesto do presidente Jair Bolsonaro, a quem o nosso governo vai cobrar? Do Maduro não pode porque, para o nosso governo, o presidente é Guaidó. Mas Guaidó não tem a chave do cofre. Não fabrica dinheiro. Não tem como pagar. E aí, como é que fica? Parece até piada, né não? E piada irresponsável com o nosso dinheiro...
Como piada só pode ser essa ida do Presidente ao congresso, no momento crítico das negociações para a reforma da previdência, para entregar um projeto afrouxando as regras para motoristas infratores, aumentando o prazo de validade da carteira de motorista, extinguindo a obrigatoriedade do uso da cadeirinha para crianças menores de 6 anos. Já tem gente dizendo que o homem não bate bem, que não é sério, que não tem ideia da dimensão do cargo, que é um novo Jânio. E você, acha o quê?
Eu, da minha parte não sei muito bem. Fico pasmo ao ver um ministro dele, o do meio ambiente Ricardo Salles, na semana dedicada esse tema, em sessão solene no congresso, levar uma tremenda vaia. Talvez porque tenha trocado na sua pasta especialistas por policiais, por em sua gestão ter aumentado exponencialmente o desmatamento, por prometer acabar com reservas ambientais, por querer retirar o INPE do monitoramento da Amazônia e contratar uma empresa particular do seu gosto para essa tarefa. Você vê alguma seriedade nisso?
Ou no fato de Carlos Nagem, munido de um QI (Quem Indica) robusto levar bomba para o cargo de gerente executivo da Petrobras por falta de conhecimentos técnicos, mas ser aproveitado -munido dos mesmos desconhecimentos- como assessor da presidência da mesma empresa por abastança de amizade com o senhor Jair Bolsonaro, o que lhe rende, a partir de agora, um salário de 55 mil reais mensais. Fala sério.
Enquanto coisas tão sérias são pescadas na nova política que nada de braçadas no oceano de vícios do passado recente, o nosso presidente voa para fazer campanha eleitroal na Argentina em favor de Maurício Macri, aquele que já foi anunciado como a cara da nova direita e que está levando o país à bancarrota e os nossos vizinhos ao desespero. Característico ao seu estilo, Bolsonaro anuncia uma só moeda para as duas nações. Aí, parece ter pirado de vez. Não se sabe de nenhum estudo dos bancos centrais dos dois países nesse sentido. A empreitada, por si só, já seria quase impossível. A inflação na Argentina está totalmente fora de controle, já passa de 50% este ano. Aqui, menos de 6. Fala sério, Bolsonaro. Vossa Excelência só pode estar brincando.
Enquanto o homem brinca de governar, pipoca mais um assessor-fantasma do filho Senador-Zero-Todo-Problema. Outro amigo, no período em que trabalhou com o filho do nosso presidente teve uma evolução patrimonial de 1000%. Isso mesmo: mil por cento. Era lotado no gabinete de Flávio, na assembleia legislativa do Rio de Janeiro. Trata-se do coronel PM Wellington Silva que já declarou que mais da metade do seu patrimônio é em espécie, dinheiro. Certamente ele sabe explicar a origem de cada centavo, também. Talvez de alguns “rolos”, vendendo carros, igual ao outro.
Sei não, viu, mas enquanto isso tudo acontece o governo vai sofrendo derrotas sucessivas no Congresso; os ex-ministros da educação dos últimos governos desancam a política que vem sendo adotada pelo atual para o setor taxando-a de criminosa; o mesmo fazem os ex-ministros do meio ambiente dos governos anteriores. Mas Bolsonaro, vestindo a camisa de um time de futebol, acha que o seu ministério é o melhor desde a redemocratização.
Trepado no galho de uma goiabeira inexistente nos jardins do Palácio da Alvora, Jesus Cristo - que só a ministra Damares enxerga - assiste a cena sem acreditar. Lá no horizonte, mais uma noite escura desce sobre Brasília. E sobre um Brasil de 13 milhões de desempregados.
