Antônio Melo: O silêncio dos culpados


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Antônio Melo
Jornalista

No Rio vive-se uma guerra ruidosa entre a bandidagem e o estado. Em outros estados -Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco- a guerra é a mesma e a violência muito maior, mas vive-se o silêncio dos inocentes.

As estatísticas do próprio governo federal denunciam que mata-se muito mais por aqui do que pelas bandas da cidade maravilhosa. Mas os nossos mortos não têm glamour, não viveram na capital sede das mídias televisivas. Aí, suas dores só são sentidas por aqui mesmo, incapazes de romper fronteiras regionais e midiáticas. Assim, morremos cercados de choro e vela. Mas sem direito à fita amarela dos favores pátrios.

Somos cidadãos de segunda categoria, com as mesmas obrigações dos de lá, mas sem os mesmos direitos, nós, os de cá.

Assistimos um Rio de Janeiro saqueado e perdulário ser socorrido pelas burras da Nação a despejar bilhões para sanear um paraíso de falcatruas oficiais que, como uma praga, se espalhou pelos três poderes estaduais -executivo, legislativo e judiciário.

Lá mais do que cá a incúria de governantes levou o Estado à bancarrota. Aqui também. Como nós, eles estão quebrados, falidos, endividados. Aqui, na ordem inversa, estamos endividados, falidos e quebrados. Mas não socorridos.

Para problemas iguais, soluções diferentes.

Aqui, eles dizem, vota-se com o estômago. Pelo bolsa família

Lá, vota-se pelo bolsa bala.

Bolsa fanfarronice.

Bolsa preconceito.

Bolsonaro, o Collor não moderno -porque carcomido por seu obscurantismo, preconceitos e ignorância- empolga paulistas que o catapultam para o primeiro lugar nas pesquisas pilotando um discurso vazio, cheio de promessas-fakes, de absurdos a lá Donald Trump já eleito pelos americanos "o pior presidente que os Estados Unidos já teve". Mas, como tudo que é bom para os gringos, é bom para os mucurebas dos brasileiros, já estamos fabricando o nosso presidente à imagem e semelhança do de lá. Embora os analfabetos eleitorais sejamos nós, os nordestinos.

Estamos em marcha batida rumo ao 7 de outubro das eleições. Cada urna vai colher a vontade popular que, desta vez, esperamos seja respeitada; que saia delas alguém disposto a descobrir que o Nordeste também faz parte disto que chamamos nação; que temos não só as mesmas obrigações, mas temos direito aos mesmos direitos (é isso mesmo que eu queria escrever).

E você -eu me incluo aqui também- está pronto e empoleirado no circo de horrores, para bater palmas para a atração principal do picadeiro chamado Brasília, mas sem boca para protestar, exigir, cobrar. Como agora quando assistimos calados, dóceis, acovardados a tudo que fazem conosco, outra vez.

Este é o silêncio dos culpados. Nós mesmos.

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Cobrança – Alguém aí sabe me dizer quando é que sai o décimo terceiro do funcionalismo estadual do Rio Grande do Norte? Não perguntem para o governador que ele não sabe.

Cobrança 2 – Já passou o carnaval, aproxima-se a semana santa, e a prefeitura ainda não removeu a decoração natalina. Por que será? É verdade mesmo que o alcaide não pagou a empresa responsável pela colocação dos penduricalhos? Está faltando dinheiro na prefeitura?

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