Jornalista
O ex-ministro Joaquim Barbosa, aquele do mensalão do PT, já foi herói. Mas depois que andou dando umas declarações de que Lula está sendo condenado injustamente, virou bandido para aqueles que o achavam herói. E o contrário para os que, antes, o achavam bandido.
O ex-presidente José Sarney também experimentou esses momentos. Aliás, foi o presidente mais amado do Brasil. Tinha até fiscais voluntários com seu nome que fechavam lojas e supermercados que abusassem do Plano Cruzado. Virou a Geni da política brasileira.
Rodrigo Jannot, no comando de suas levas de delagnóis justiceiros, salvava o Brasil midiático das telinhas de tvs e das páginas de jornais cada vez mais esquecidos, dessa organização criminosa chamada política. Também ele, Jannot, com os seus valorosos cavaleiros do apocalipse, está indo do heroísmo midiático, ao inferno das gargantas profundas da imprensa onde assam sua reputação sem nada conceder aos seus feitos que no passado recente tanto aplaudiam.
Resta o togado de negro que confraterniza com alguns réus, é intolerante com outros a quem arresta, e até documentos sem assinatura ou recibos de pedágio em estrada que leva ao Guarujá, corrobora. Mas surpreendentemente absolve a mulher de Eduardo Cunha, detentora de conta numerada secreta na Suíça, por onde transitou mais de 1 milhão de dólares de origem não declarada, mesmo tendo os documentos mandados oficialmente pelo banco Merril Lynch, através do Ministério Público daquele país, para as autoridades brasileiras.
Pululam nas telinhas platinadas heroicos investigadores que não investigam. Munem-se de evidências delatadas pela intermediação de procurador que deveria combater a corrupção, mas dela se locupletava, valendo-se de posição da mais alta confiança junto a quem não tinha direito ao pecado da ingenuidade, em razão do cargo que ocupa. Infelizmente, incensados por muitos, vão aos poucos se transformando na esfinge da pirâmide onde se cultuam egos incompetentes que o tempo desnuda em todo o seu esplendor.
Se juntarmos os cacos de tudo isso, veremos uma polícia federal eficiente no trabalho de investigação, sem aquele vedetismo de outros tempos, produzindo resultados, fazendo apreensões, trabalhando pelo país. De outro, um Ministério Público, pelo menos em boa parte, ávido por poder, por holofotes, aplausos; querendo transformar a própria PF em órgão auxiliar, em linha de subordinação; propondo uma lei atentatória aos mais elementares direitos da pessoa humana, que buscava legitimar provas conseguidas por meios ilegais e imorais; que insurge-se, não raro, contra o Supremo Tribunal Federal, na tentativa de dar-lhe lições que não aprendeu e nem tem a humildade de aprender, de respeito a autonomia dos poderes, a democracia, aos direitos individuais da pessoa humana.
O Brasil pode estar sendo passado a limpo. Pode sim. E é indispensável que assim o seja. Mas não é só a classe política que precisa dessa mangueirada, não. O jorro de água limpa também precisa ser virado na direção de quem segura a mangueira. Antes que seja tarde demais.