Ribamar Corrêa: Entrada de Sarney Filho na briga pelo Senado contribui para definir cenário da guerra eleitoral do ano que vem


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Sarney Filho se lança como candidato ao Senado

As declarações do deputado federal licenciado e ministro do Meio Ambiente Sarney Filho (PV) confirmando sua candidatura a uma vaga no Senado e admitindo a possibilidade de a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) vir a ser candidata ao Governo do Estado agitaram os bastidores partidários, onde o tema dominante são as eleições gerais em 2018. Sarney Filho tornou verdade o que era apenas especulação e, a menos que haja uma reviravolta nas entranhas do Grupo Sarney, sua declaração prevê a hipótese de que dois filhos do ex-presidente José Sarney – que estaria também muito inclinado a fazer o caminho de volta ao Senado pelo Amapá, onde sua presença estaria sendo reclamada por mais de 70% da população, segundo pesquisas recentes – sejam candidatos a mandatos majoritários, o que seria um fato inédito na história política do Maranhão.
Não há que o discutir quanto à legitimidade política da pretensão de Sarney Filho de pleitear uma das vagas de candidato a senador no grupo a que pertence. Dono de uma bem sucedida carreira política, que lhe deu um mandato de deputado estadual e nove de deputado federal, tendo neste período presidido as mais importantes Comissões da Câmara Federal, fundado a Frente Ambientalista que deu origem ao PV no Brasil -, votado a favor das diretas nos anos 80 e sido relator do histórico acordo que deu origem ao Mercosul, Sarney Filho é um dos políticos mais credenciados para pleitear a senatória. E com um dado a mais: nunca fugiu à linha do Grupo Sarney, mas construiu sua carreira por vias paralelas, nas quais criou identidade política própria, sem atrelamento visível, por exemplo, à imagem da irmã, Roseana Sarney, escolhida pelo pai para herdar o seu poder político. O ministro do Meio Ambiente pratica a política do segmento sarneysista, mas deixa no ar a impressão de que anda com os próprios pés.
Sarney Filho tem experiência política suficiente para saber do risco entranhado no projeto de lançar dois filhos de José Sarney na disputa majoritária. Sabe que se a irmã Roseana Sarney for candidata ao Governo, as chances dele de eleger-se senador se reduzem drasticamente, já que é provável que a maioria do eleitorado faça opção por um dos dois, podendo elegê-lo senador e frustrar o projeto de Roseana Sarney de voltar ao Palácio dos Leões, ou que opte por Roseana e desvie para o espaço a sua corrida ao Senado. Isso não quer dizer que o eleitorado acabe optando pelos dois e os eleja – o que, se ocorrer, será um feito inédito e histórico – ou despachando os dois para casa, impondo-lhes uma aposentadoria política de sabor amargo. Nas suas declarações, Sarney Filho bate na tecla de que os dois poderão ser candidatos e que espera contar com o apoio da ex-governadora à sua candidatura ao Senado.
Com a experiência que acumulou, o ministro do Meio Ambiente sabe que as eleições de 2018 serão decisivas para o futuro do Grupo Sarney e, ao mesmo tempo, vitais para que o movimento liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) se consolide e se mantenha no comando administrativo e político do Maranhão. Isso significa que não será um pleito normal, mas sim uma guerra eleitoral na qual os grupos em confronto utilizarão todos os instrumentos políticos que tiverem ao seu alcance. Nesse contexto de tudo ou nada, Roseana Sarney enfrentará nada menos que o governador Flávio Dino em busca da reeleição, avaliado no meio político como um adversário muito difícil de ser batido nas urnas, o que eleva à estratosfera a taxa de risco dos candidatos a senador pelo Grupo Sarney.
Se vier mesmo a ser candidato a senador, – como anunciou em entrevista concedida sexta-feira (17) ao programa “Acorda, Maranhão”, da Rádio Mirante AM – Sarney Filho sabe que, além de depender da influência da disputa pelo Governo do Estado, como é a tradição, enfrentará adversários de muito peso na corrida eleitoral, como o deputado federal Weverton Rocha (PDT), o deputado federal e ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), além de nomes ainda sob ensaio como Sebastião Madeira (PSDB), Eliziane Gama (PPS) e Márlon Reis (Rede), e numa hipótese ainda remota, o conceituado prefeito de São José de Ribamar (Luis Fernando Silva (PSDB) e o ativo prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB). Não será, portanto, uma disputa qualquer, ainda que na logica de alguns o fato de serem duas vagas tornam as coisas mais fácil para A ou para B, o que não é rigorosamente verdadeiro.
Sarney Filho, enfim, entra no tabuleiro pré-eleitoral como um nome para ser levado em conta por todos os pretendentes às vagas de senador. Mas sabendo que sozinho sua caminhada será pedregosa e que a eventual candidatura de Roseana Sarney ao Governo poderá ser uma faca de dois gumes para a sua pretensão.

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