Desembargador do Rio manda Cachoeira e Assad para prisão domiciliar

Decisão se estende para Cavendish, que não chegou a ser preso porque está no exterior

POR JULIANA CASTRO
Polícia Federal prende o bicheiro Carlinhos Cachoeira em Goiânia e leva para o aeroporto. - Jorge William / O Globo

RIO - O desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, acolheu na tarde desta sexta-feira pedido de habeas corpus da defesa do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e converteu a prisão preventiva dele em prisão domiciliar. O desembargador, estendeu a decisão aos outros presos na Operação Saqueador, deflagrada ontem, entre eles o empresário Adir Assad. O ex-dono da Delta Fernando Cavendish, que não chegou a ser preso porque está no exterior, também foi beneficiado.
A prisão de Cachoeira, Cavendish e Assad havia sido decretada, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
A investigação constatou que os envolvidos, “associados em quadrilha", usaram empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões em propina para agentes públicos. Após as quantias serem repassadas às empresas de fachada, por meio de contratos fictícios, os valores eram sacados em espécie para impedir o rastreamento dos destinatários da propina.

Veja também
Lava-Jato no Rio investiga políticos que recebiam propina da Delta


Laudos da PF demonstram fraude em contratos da Delta


Fernando Cavendish: da amizade à mágoa com Sérgio Cabral


‘Cabaré Brasil’: em 24 horas, 4 operações da PF


Recentemente, o STF autorizou o uso, nas investigações no Rio, de trechos da delação premiada dos ex-executivos da Andrade Gutierrez. Os depoimentos estão sob sigilo, mas, segundo o MPF, demonstram que a Delta era voltada a esquemas de corrupção em obras públicas, especialmente, no Rio.

AUMENTO DE REPASSES EM ANOS ELEITORAIS
O MPF ofereceu esta semana denúncia contra Cavendish, Cachoeira, Adir Assad e mais 20 pessoas por envolvimento no esquema de lavagem de verbas públicas. Segundo o órgão, 96,3% do faturamento da Delta entre 2007 a 2012 era oriundo de verbas públicas, totalizando um montante de quase R$ 11 bilhões, a maior parte vindo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). A denúncia foi aceita pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal.
De acordo com o MPF, desse montante cerca de R$ 370 milhões foram desviados e lavados por meio de 18 empresas de fachada. A investigação apontou que os pagamentos da Delta às empresas fantasmas aumentaram significativamente em anos eleitorais.
Os responsáveis pela criação dessas empresas foram Cachoeira, Assad e Marcelo Abbud, que se entregou ontem à PF em São Paulo. Também foi preso Cláudio Dias Abreu, ex-diretor regional da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal. Os presos ficarão no Rio.
Cavendish foi para a Europa em 22 de junho. Tácio Muzzi, chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, disse ontem que não considerava Cavendish foragido porque aguardava contato da defesa do empresário para saber se ele se entregaria. Mas, segundo o delegado, a Interpol será acionada, se necessário. Na casa de Cavendish, um cofre foi apreendido.
A relação entre Cachoeira e Cavendish veio à tona com a Operação Monte Carlo e a CPI do Cachoeira, em 2012. Após o escândalo, a Delta pediu recuperação judicial.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem