Ainda agora, ao pino do meio-dia, passava sozinha, uma velhinha simples com uma bengala-metal. Andava. Parava. Descansava no pé do muro da agência Central dos Correios. Tudo isso ao sol, pois a frondosa mangueira, que para ali convidava a menineira vadia da Trizidela agora jaz podada. A velhinha já sumiu, mas cá perdura sua senil imagem. E não há nisso um cartão-postal sofrido e doce? E o que dizer desses garotos com seus saquinhos de amendoim e ovos de codorna a voltear sempre pelos mesmos bares? Sem esquecer os somativos pedintes, os guardadores de veículos e outros entes que bem ou mal colorem esta cidade.
Cidades! Como elas fascinam a gente! Belas, simpáticas, exuberantes ou chatas, elas o que são, mas para muitos são, não o que veem os olhos, mas o que vê a alma. Como quis o grande poeta Manuel Bandeira ao comparar Recife, sua cidade natal, com as mulheres magras, morenas e tímidas, de graça arisca e seca, reservada e difícil, ao contrário de outras cidades como Salvador e Rio de Janeiro, cidades eminentemente gordas, descubro então que Bacabal é uma espécie de moleca boba e saliente; uma sedutora adolescente que vive a arrancar suspiros forasteiros. Imatura ainda, mas já anda a revelar alguns traços de cidade grande.
Vê, pois, meu leitor, que se quiseres ingressar num curso superior, há muitas à tua disposição. Se não és daqui, te junta a outros parceiros numa república-moradia, pois bem podes vê: essa moleca está subindo pelos ares em várias construções de prédios e sobrados. Caso queiras morar sozinho, aluga então um kit net dos tantos que se proliferam na cidade e toca tua vida adiante. É bom, todavia, que tenhas um trabalho garantido, vez que a oferta de emprego por aqui é um problema que leva muitos conterrâneos a procurar outros horizontes.
No cartão postal da noite não vais encontrar teatro, cinema, bibliotecas fartas e opções do gênero. Todavia, leitor, se és um boêmio, podes comemorar. Bar é o que não falta. Por aqui já até se confunde Bacabal com “Bacabar” e lanchonete com “bacanete”. Podes também tomar um milk shake à tua preferência ou sentar-te a uma mesa mais chique e cara ou cair num pagode habitual. Essas são opções que a galera tem para se reunir, bater um papo legal e compensar a fadiga do escaldante dia. Vale lembrar: o calor é a nossa grande marca climática.

É o que te trago por agora, meu leitor.
Por Edgar Moreno
COSTA FILHO, João Batista da que também representa o heterônimo Edgar Moreno.