Brasil, meu Brasil brasileiro

Há anos que desejava escrever este texto, mas parece que algo me impedia de iniciá-lo, pelo menos. Para começo de conversa, quero deixar claro que a única vez que votei no PT foi em Cristovam Buarque para o GDF. Hoje, acredito que minha decepção é infinitamente maior com o então candidato do que com o partido.
Sou de uma família de origem nas oposições e na esquerda brasileira. Em nosso estado, o Maranhão, enfrentamos o mais longevo dos líderes da chamada política tradicional, José Sarney. Ganhamos, mas não levamos. No fim, prevaleceu o nosso Brasil (sem ironias, acreditem, pois adiante entenderão).
Não pretendo transcrever aqui nem de longe a ideia central de “Casa Grande e Senzala”, pois estou anos luz do talento do autor, entre inúmeras razões, embora sugira a todos os brasileiros a leitura da obra. Mas quero me arriscar a seguir esta linha de raciocínio. Uma das mais perfeitas frases que já ouvi, atribuída ao Mestre do jornalismo, Carlos Chagas, diz que “a juventude é um mal que o tempo cura”, serve bem para justificar minha demorar na produção deste texto e para escorar meu raciocínio.
Tentando ser sucinto, convido o leitor a analisar o momento político brasileiro, inicialmente no período petista, com o que existe de mais presente em nossa imprensa: bolsa família que rende votos, mensalão, petrolão e tantas quantas desejem denúncias de desvios, desmandos ou, como diz a presidentA Dilma, “maus feitos” das gestões petistas em nosso país.
Qual a novidade? Isto é, ainda, o Brasil.
Hoje(6/2/2015) lendo declarações do ex-presidente Lula no aniversário de 35 anos do PT, em BH, de que “existem ações para Dilma não concluir o mandato”, entre outras, associo estas à acusações de cabeças coroadas do petismo de que existe uma imprensa “marrom e golpistas” etc, e resgato o período anterior de nossa política nacional, onde nos governos de FHC tínhamos: um plano real (tão indispensável ao país quanto o Bolsa Família e que foi o carro chefe da campanha de eleição e reeleição de FHC), denúncias nas privatizações com o BNDES (este mesmo que é acusado de ajudar amigos dos governos do PT) financiando o que nos foi apresentado pela imprensa à época como “telegang”, ou oficialmente Telemar, corrupção para a aprovação da emenda de reeleição e FHC com o famoso personagem acreano “Senhor X” e os seus grampos telefônicos, além da farra de distribuição de concessões de canais de televisão pelo então e hoje falecido Ministro das Comunicações, Sérgio Mota, confirmo que esta é, pelo menos ainda, “a nossa cultura”. Que este é o nosso Brasil. Não sejamos dramáticos e nem pessimistas, pois evoluímos sim, e muito. O leitor que entender o cerne deste texto haverá de concordar comigo nisso, também.
Apenas para somar à reflexão, resgato que o segundo maior banco brasileiro, entre todos, e o segundo entre os bancos públicos (ficando atrás apenas do Banco do Brasil) até os anos 80, o Banco do Estado de São Paulo (Banespa), foi “quebrado” pelo PMDB do então governador de São Paulo, Orestes Quércia, com a mesma “justificativa” com que os petistas e a base aliada dos seus governos (PMDB, PTB, entre outros) é acusada de “tentar quebrar” a Petrobras, entre outras.
Várias vezes indagado por aquele que considero o nosso decano do jornalismo brasiliense, Celso de Marco, hoje à frente do programa Diário Brasil, na TV Gênesis, onde já estive por exatas 30 vezes como cientista político colaborador, “se o Brasil tem jeito?”, insisto na seguinte tecla: este é o nosso DNA. Este é o nosso Brasil. Para a nossa alegria, como dizia Darcy Ribeiro(que tive a honra de conhecer), “a natureza é viva” e a nossa genética social e política, também. Estamos em constante evolução, inclusive institucional. Pois, assim como as pessoas evoluem, o mesmo acontece às instituições. Afinal, como afirmava meu professor de UnB, Paulo Calmon, “instituições não existem, instituições são pessoas”. Sou extremamente otimista com relação ao Brasil, nesse sentido, também.
Recebo, curto e até compartilho em redes sociais, por puro instinto da boa brasilidade, as críticas ao governo de plantão (comportamento tipicamente nosso, os latinos), mas sou um vigilante inarredável sobre minha pessoa e dos que consigo alcançar no sentido de coibir a imputação de “todos os crimes e pecados sociais” ao partido titular do poder central e aos seus principais líderes.
Não busco, com este texto, apontar culpados. Pois não existem crimes. De Pedro Álvares Cabral à Dilma Rousseff, passando por todos os brasileiros, somos todos responsáveis, cúmplices, algozes e vítimas. Afinal, todos somos o Brasil.
Em tempo: dedico este acanhado texto a todos os brasileiros que reconhecem a nossa evolução a cada dia, noite, partido e governo. Dedico este texto ao Brasil.

Por Francisco Lima Jr.

Francisco Lima Jr.(48), Jornalista, Cientista Político pela UnB, Professor de Jornalismo nas Faculdades Icesp/DF, titular do www.blogdoprofessorchico.com.br, blogueiro colaborador na Agência Política Real, Colaborador no Programa Diário Brasil, na TV Gênesis e Presidente da Associação Brasiliense dos Blogueiros de Política (ABBP). fpaulalj@gmail.com

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