Não sei quantas vezes eu transpirei os meus medos
Medo da morteDa minha morte e da morte dos meus
Medo da vida
Da minha vida e de tantas que eu destruir
Medo da sorte
Da falta dela...
E por mais que eu tenha transpirado
Eles nunca me deixaram
Sempre voltam
Aqui
Ali
Uma hora ou outra
Eles são assim
Fazem parte de mim
Da minha vida
Vivem nos meus dias
São as grandes marcas dos meus pesadelos
Convivem com a minha infinda insônia
Mas o maior medo que eu sinto
Não é do meu próprio sofrimento
É dos sofrimentos que causei
Dos filhos que não gerei
Das vidas que não cuidei
Talvez por isso vague assim todas as noites
Mesmo sem nunca sair das minhas próprias entranhas
Mesmo me protegendo em um mundo só meu
Por tudo que fiz
Pelas dores que causo e causei
Tenho medo de perder a Fé
Pois sei que Deus já não está comigo
Não blasfemo
Sofro
Não me arrependo e nem peço perdão
Sei que Alguém morreu pela minha redenção
Isso me aflige mais ainda
Pois tenho o perdão que não mereço
Por não saber entregar a outra face
E tenho pouco tempo
A vida me escapa por entre os dedos a cada dia
Num revés sem fim
Não conto mais o tempo
Não quero enlouquecer
Não conto as perdas
Não choro mais
Mas sinto a tua falta
Talvez seja esse o maior de todos os meus medos
Te perder...
Abel Carvalho
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