Cadê a Bacaba, Hino Cultural de Bacabal, será apresentada como estudo de doutorado sobre Educação e Sustentabilidade na Universidade Federal de São Paulo.

Abel Carvalho - O bacabalense Paulo Henrique Vieira de Macedo, Mestre em Ensino, professor na Secretaria Municipal de Educação de Santa Inês - Maranhão, e, Doutorando em Ensino pela Universidade do Vale do Taquari (Univates), Lajeado - Rio Grande do Sul, apresentará, de forma assíncrona, a musica Cadê a Bacaba, Hino Cultural de Bacabal, como tema de Estudo de Doutorado sobre Educação e Sustentabilidade, no congresso Colóquio de Educação e Sustentabilidade – 2025, Observatório de Educação e Sustentabilidade, da Universidade Federal de São Paulo.

O Estudo, e/ou Ensaio produzido pelo professor bacabalense tem o assessoramento da professora Maria Beatriz Pereira da Silva, Doutora em Ciências da Educação (UFLO/AR) e Professora do Curso de Enfermagem  da Universidade Estadual do Maranhão (Campus Bacabal), e da professora Jeanny Gomes Quixaba, Pós-Graduada em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional (Censupeg), Professora na Secretaria de Educação de Bacabal, que formam sua equipe de trabalho.

O Estudo
O presente ensaio crítico, diz o doutorando, "inicia-se com um trecho da canção Cadê a Bacaba, declamada por Zé Lopes, cantor e compositor maranhense. Olha a bacaba, cadê quem não bebeu, quem não provou, dançou. Não Conheceu! Roubaram da história o passado tiraram desse povo, o que é seu... Juçara, anajá e buriti há muito tempo habitaram por aqui. Porém, perderam a memória, quem sabe o fim dessa história, o povo na avenida quer ouvir.”

Paulo Henrique mostra que "no decorrer dos versos observa-se a saudade dos ambientes naturais repletos de espécies nativas que aos poucos foram sendo devastadas pela agropecuária e grandes latifundiários".

Revela que "o objetivo desta escrita é promover reflexão com base no poema descrito com maestria pelos compositores que retratam através da música suas inquietudes, que constantemente foram visualizadas em sua juventude. No ensejo, a iniciativa entrelaça-se com a diminuição dessa mata nativa da região central do Estado do Maranhão, especificamente, na cidade de Bacabal. Local este que atualmente compõe uma vasta quantidade de pastos para alimentação de bovinos, com uma insistente resistência de palmeiras do tipo babaçu. Em decorrência disso, existe uma acentuada derrubada dessas palmeiras e matas nativas para o alojamento de outras culturas distantes da realidade da região".

Dessa forma, contextua, "o ensaio parte de um apontamento qualitativo, com base no legado da canção. E tem como possíveis resultados as seguintes indagações para as futuras gerações: o que será das matas nativas? A bacaba fruto bastante conhecido pelos antigos moradores são raros de se ver. Que legado natural serão deixados para as crianças, estudantes e jovens, assim como eu, não provaram a fruta? E que às vezes, não conhecem a origem do próprio nome da cidade, Bacabal?"

"Diante dessas indagações que promovem várias inquietações, considera-se que é notável e essencial que além da valorização das matas nativas, aconteçam políticas educacionais e culturais que possam agir com metas reais para o reconhecimento de um bem material e até mesmo imaterial tão precioso em um processo de transvaloração de valores, para o que foi visto no passado, possa acontecer uma preservação efetiva que volte não a ser uma canção de despedida! E sim, uma canção que alargue o sentido da sustentabilidade e da preservação para um Planeta Terra equilibrado e repleto de tesouros para as futuras gerações", conclui em seu Ensaio Paulo Henrique Vieira de Macedo.

Cadê a Bacaba
A música Cadê a Bacaba é originalmente composta em ritmo de samba enredo para a Escola de Samba Unidos do Bairro da Areia. Defendeu a agremiação na avenida no carnaval do ano de 1988. De minha autoria, Abel Carvalho, jornalista, poeta e compositor; de Zé Lopes, cantor, compositor, poeta, trovador e radialista, e, de Paulo Campos, poeta e radialista, foi regravada por Zé Lopes em forma de canção para o CD Festa, lançado no ano de 2.000, com arranjos e violões do músico Júnior Barreto, e logo ganhou destaque na cidade, sendo oficializada, por proejto de  lei  do vereador Melquiades Neto, como Hino Cultural de Bacabal.

Cadê a Bacabal foi o segundo samba enredo que eu, Paulo e Zé compusemos para a Unidos. Antes, no primeiro ano da escola, 1987, compusemos o samba D'Areia, eternidade e tradição, cujo enredo eram as "coisas" e a "cultura do próprio bairro. Nos dois anos seguintes fizemos Resgatando as tradições, e Papete, birimbal e percursão, transformando a escola em bi-campeã do carnaval bacabalense.

O "doutor" Francisco Soares Silva, empresário e administrador de empresas, ao lado do engenheiro Raimundo Nonato Chaves (in memorian), ambos integrantes da diretoria da escola de samba, foram os primeiros a perceber esse viés, hoje levantado pelo professor Paulo Henrique em seu estudo: a ecologia, o meio ambiente, a sustentabilidade como tema e, como protesto. Soares afirma, e mantém a afirmação, que fomos os primeiros a trabalhar essa ideia no país, hoje fato tão em voga e tão discutido.

Além de levantar a questão do desaparecimento da Bacaba, do Anajá, do Buriti, plantas que representam a flora nativa do município, Cadê a Bacaba, informo aqui ao professor Paulo Henrique Vieira de Macedo, também se preocupou, e denunciou, o processo de degradação por qual passava o Rio  Mearim à epoca, década de 80 do seculo XX, quando o governo federal implentou uma série de projetos e obras que culminaram com a retificação do Rio Mearim, cortando suas curvas e mudando o seu curso.

Por isso questionamos: - Como explicar cortar as curvas de um rio, e desviá-lo dos olhos do Pescador? Tomar da natureza é desafio, é contrariar o Criador. Tirar do Homem o sustento, e assim deixá-lo sedendo, é querer torná-lo sofredor...

Cadê a Bacaba também fez um duro questionamento político: - Mas, a Unidos canta forte na avenida, resgatando com orgulho o que seu. Fazendo da tristeza a alegria, pergunta - e o beco, quem comeu?... Isso é uma dura crítica ao sistema político vigente à epoca, que vendeu um bem público, uma rua, via conhecida como Beco da Bosta - por isso "o beco", para uma empresa privada, que fechou a artéria construíndo um prédio.

A denúncia produziu um fato: a comissão julgadora do desfile das escolas de samba daquele ano, puniu a escola com notas baixas, impedindo o seu primeiro título de campeã.

A lembrança proposta pelo professor Paulo Henrique Vieira de Macedo, em Estudo/Ensaio, confirma o 'doutor francisco Soares' e o engenheiro Nonato Chaves, como observadores futuros: Cadê a Bacaba foi o primeiro samba enredo desse pais a trabalhar o tema "sustentabilidade".

Veja o vídeo da apresentação do professor Paulo Henrique Vieira de Macedo:

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