Rogério Alves, advogado - A situação política em Bacabal - MA, com a disputa entre Roberto Costa, deputado estadual apoiado pelo atual prefeito Edvan Brandão, e Marcos Miranda, ex-prefeito de Bom Lugar - MA e apoiado pelo ex-prefeito de Bacabal dr Lisboa, ilustra bem os problemas da política brasileira.
De acordo com a pesquisa mencionada, conduzida por cientistas políticos da UFSCar e da USP, a filiação partidária no Brasil tem sido impulsionada principalmente pela rejeição e aversão aos adversários do campo político oposto.
Cerca de 70% dos filiados consideram o ódio ao rival político como um motivo relevante para se juntar a uma legenda. Esse fenômeno, descrito como "engajamento pelo ódio", tem levado a um aumento do fervor e da polarização política, onde a vitória do partido contrário se torna um incentivo ainda maior para o engajamento ativo na política.
No contexto de Bacabal, observamos uma extrapolação do campo político para a agressão pessoal, uma manifestação clara do "engajamento pelo ódio". Essa radicalização é preocupante porque desvia o foco das discussões políticas construtivas para ataques pessoais, deteriorando o ambiente democrático e minando a possibilidade de um debate saudável sobre propostas e políticas públicas.
Os resultados da pesquisa destacam que, em situações onde a possibilidade de vitória do partido mais rejeitado é real, os filiados se tornam altamente engajados, muitas vezes mais do que pelos motivadores tradicionais como a influência dentro da legenda. Em Bacabal o ataque de todas as televisões e dos blogs engajados com a prefeitura estão mobilizando os eleitores de Marcos Miranda e ainda mobilizando os indecisos para a campanha do empresário.
Essa dinâmica, infelizmente, pode levar a uma política de confronto em vez de cooperação e diálogo. Roberto Costa faz pose de folião carnavalesco o ano inteiro, mas só esconde a máscara de um ditador moderno.
A radicalização das posições eleitorais em Bacabal, onde os candidatos e seus apoiadores ultrapassam os limites do debate político e entram no campo das agressões pessoais, representa um perigo significativo.
A democracia deve ser um espaço de debate respeitoso e de apresentação de propostas que beneficiem a comunidade como um todo.
Portanto, é essencial que a campanha eleitoral se centre nas propostas e não nas pessoas.
A vitória ou derrota de um candidato deve ser baseada na qualidade de suas propostas e no impacto positivo que elas podem ter para a cidade e seus cidadãos, não na intensidade do ódio ou aversão ao adversário. Somente assim poderemos fortalecer nossa democracia e garantir que as eleições sirvam ao propósito de escolher os melhores representantes para o povo.