
Naquele país a oposição, bem como a imprensa, apesar enfrentar sérios problemas muito mais em decorrência da crise econômica e da falta de verbas governamentais para subsidiá-la, como se pretende por aqui, existem e funcionam. As pessoas que desejam saem do país na hora que querem, o que pode facilmente ser comprovado.
Já do México, país reconhecidamente capitalista e não bolivariano, saíram em torno de 6 milhões de pessoas, a maioria para os Estados Unidos, nos últimos anos. Hoje, a população de mexicanos ou filhos deles residentes na terra do Tio Sam ultrapassa 30 milhões de pessoas, números do próprio governo americano.
Normal?
Não! Claro que não é normal.
Tanto que o governo de Donald Trump quer porque quer construir um muro fronteiriço com o país latino-americano, ao custo de 5 bilhões de dólares, para impedir essa invasão e mandar a conta para o vizinho pagar.
Entre nós, Governador Valadares, em Minas Gerais, ficou famosa por despachar quase 1 milhão de brasileiros ilegais para o el dorado do Mickey e do Pateta. No Japão éramos, e ainda somos, um número considerável de residentes, tantos que viramos “decasséguis”.
Os Venezuelanos que chegaram ao Brasil, pasme, passam pouco de 60 mil. Sendo que, segundo o Itamaraty, apenas 33 mil ainda estão por aqui.
Nos últimos vinte anos, perto de 100 milhões de pessoas migraram ou fugiram de nações capitalistas pobres em busca dos países capitalistas ricos: Estados Unidos, Europa e outros. Considerável parcela desses seres humanos morre em travessias oceânicas. Os que conseguem chegar à terra firme são escorraçados pelos abastados que os querem longe.
Agora mesmo o novo governo brasileiro ameaça sair do tratado humanitário de imigração chancelado por 162 países sob as bênçãos da ONU, mas que o Grande Irmão, os Estados Unidos não assina e nem quer que o nosso país permaneça como signatário.
E como nesses novos tempos o que é bom par os Estados Unidos é bom também para o Brasil... etc, etc, etc...
Entretanto, a moda é dizer que o risco e a vergonha mundial são os imigrantes venezuelanos.
Por que não se questionam as ditaduras medievais aliadas dos Estados Unidos como a da Arábia Saudita, por exemplo, país de uma monarquia absolutista em que não há mídia opositora e nem oposição? Onde as mulheres são consideradas seres inferiores e castigadas severamente pelo seu guardião civil legalmente instituído, um homem seja ele o marido, o pai ou um irmão? As sauditas até o ano passado eram proibidas de dirigir, não podiam pedir passaporte, viajar ao exterior, passar por um procedimento médico. Aos LGBTs todos os direitos são negados. Se descobertos, sofrem severas punições que vão desde multa, passando por prisão e açoites até chegar à execução em praça pública.
No dia 2 de outubro do ano passado o jornalista saudita Jamal Khashoggi, critico do regime da Arábia Saudita, que vivia nos Estados Unidos, foi assassinado dentro do consulado do seu país, na Turquia. Fortes evidências apontam o príncipe Mohamamed bin Salman como o mandante do assassinato. Apesar de tudo isso, os Estados Unidos e as democracias ocidentais continuam de braços dados com o regime tirânico do rei Salman Al Saud, pai do suposto mandante.
Mas a Venezuela, no entanto, é a escolhida para ser demonizada. É a “inimiga número um” das democracias ocidentais, do capital especulativo, do neoliberalismo.
Qualquer país ou povo que se insurja contra o domínio e a espoliação de suas riquezas pelo capital é sabotado. Isolado. Primeiro sofre sanções econômico-financeiras. Depois é ameaçado. Se nem assim se submete, vem a intervenção militar e todo um aparato bélico é acionado matando indistintamente militares e civis, crianças e mulheres. Só na guerra do Iraque o número desses mortos fica entre cem mil e seiscentos mil.
Qualquer país ou povo que se insurja contra o domínio e a espoliação de suas riquezas pelo capital é sabotado. Isolado. Primeiro sofre sanções econômico-financeiras. Depois é ameaçado. Se nem assim se submete, vem a intervenção militar e todo um aparato bélico é acionado matando indistintamente militares e civis, crianças e mulheres. Só na guerra do Iraque o número desses mortos fica entre cem mil e seiscentos mil.
Agora, qual a base militar que a Venezuela mantém fora do seu território?
Já os Estados Unidos têm dezenas delas ao redor do mundo. Milhares de soldados, porta-aviões, submarinos atômicos. Conta com um aparato nuclear capaz de destruir a terra dezenas de vezes. Pelo medo, fomentam novas guerras para alimentar sua indústria bélica. Não importa quantos morram, desde que sejam do outro lado.
Mas, o vilão da vez é a Venezuela. Como já foram Cuba, Chile, Irã, Afeganistão, Iraque. Até a pequenina ilha de Granada entrou nessa lista, sendo invadida por forças americanas em 1983.
A bola da vez é a Venezuela. A justificativa é a de sempre: é preciso cortar o mal pela raiz. Arranjar, talvez, um novo Pinochet para botar na presidência, desde que disposto a se submeter aos caprichos do “Grande Irmão” e bater continência à sua bandeira estrelada.