Antônio Melo: Cadê a Lavajato?


Antônio Melo, jornalista - Que a “lavajato” prestou um enorme serviço ao Brasil, não há nenhuma dúvida. Apesar da constatação, depois desse tempo todo, de que o pau que bate em Francisco não é o mesmo que bate em Chico. Ou, até nem bate.
O vendaval que nos últimos três anos destroçou o PT e boa parte dos seus aliados, encarcerando lideranças renomadas; reputações que se acreditava ilibadas; arrostando sob coerção um ex-presidente sem nem mesmo antes convida-lo ou intima-lo a depor, conduzindo-o em carro da PF devidamente caracterizado sob os alardes de sirenes para uma delegacia no aeroporto de Congonhas, o de maior movimentação do país, para gáudio de procuradores vexados.
Depois disso, as delações vieram às carradas, até do “fim do mundo”. Arrasadoras. Mas sempre de um lado só. Ou contra um lado. Do outro, silêncio. Nem mesmo as seguidas viagens do justiceiro Sérgio Moro, largando-se da “República de Curitiba” para os Estados Unidos produziram nada na direção de ninhos opostos. Só em um descuido, o meritíssimo deixou-se flagrar em convescote confraternizando com o ilibado Aécio Neves, até então probo e competente ex-governador das Minas Gerais, durante premiação da revista Istoé.
Se sobram delações lá, faltam cá. Será por não haver o que delatar no governo de Aécio? No de Anastasia? No de Alckmin? Tem um tal de Paulo Preto que dizem ser uma autêntica “caixa preta” dos governos tucanos. Não me lembro de algum juiz ter mandado conduzir qualquer integrante dessa turma coercitivamente para depor. Ou anunciado uma delaçãozinha, descuido de um vazamentozinho, uma gravaçãozinha...
Bom, mas deixa para lá. Eu queria mesmo era notícias da lavajato. Durante a campanha ela manteve-se muito ativa. Fez denúncias em setembro, plena campanha, contra os então candidatos à presidência Fernando Hadad e Geraldo Alckmin, concorrentes com chances reais de derrotar o principal postulante, Jair Bolsonaro. E ainda prendeu o ex-governador, candidato a senador e apoiador de Alckmin, Beto Richa. Ações que certamente impactaram a eleição em favor do atual presidente e em desfavor –para usar linguagem tão cara ao dr. Moro- dos seus concorrentes.
Passado o pleito, Bolsonaro vitorioso, Moro ministro, a lavajato virou “operação cabra cega”. Não enxerga mais nada. Descobriram um assessor do deputado -filho do presidente- com uma conta milionária que recebia depósitos generosos dos funcionários do gabinete do dito cujo (linguagem policial). Dali, pelo menos 24 mil foram desencaminhados para a bolsa da hoje Primeira Dama, senhora Michelle Bolsonaro.
O elemento, titular da dita conta, foi chamado para prestar esclarecimentos. Não compareceu. Foi chamado de novo. Não foi outra vez. Perguntaram para o filho que agora é senador, se ele sabia de alguma coisa sobre aquele dinheiro. “Quem tem que explicar é ele. Estou à disposição, não fiz nada errado”, desconversou. As filhas do assessor –uma delas, além de bonita, dotada dos poderes de bilocação, pois consegue estar na Assembleia do Rio e dar aula em uma academia de ginástica 10 quilômetros distante, ao mesmo tempo- foram convidadas, junto com a mãe, que também depositava dinheiro na mesma conta, a se explicar perante o MP, mas não deram as caras.
Ainda tem um coronel da reserva da PM que trabalhava no mesmo gabinete. Sabe-se que dos 12 meses do ano de 2017, a referida autoridade recebeu integralmente todos os seus salários, mas só compareceu ao trabalho, dois meses. Nos demais, estava em Portugal. Com a família.
Agora Queiróz, o elemento adredemente citado, residente e domiciliado numa casinha conjugada no subúrbio do Rio, aparece como tendo se submetido a uma cirurgia no hospital Albert Einstein, o mais caro do país. Enquanto não se explicar, acredita-se ter custeado todas as despesas hospitalares, mais a cirurgia e o pós-operatório com os “rolos” que, segundo disse em entrevista ao SBT, faz na compra e venda de carros.
Como nada mais foi dito nem foi perguntado, até porque não compareceu ninguém para explicar, encerro aqui este até que novos fatos sejam gerados. (Fim da linguagem policial).
E a lavajato, hein? Por onde andará?


1 Comentários

  1. Sérgio moro não quer mais saber de lavar jato, ele já recebeu sua premiação

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