Antônio Melo: Que se respeite a vontade do povo

Antônio Melo: Por debaixo do panoAntônio Melo
Jornalista

As urnas foram muito claras: Jair Bolsonaro é o novo presidente pela vontade de Sua Excelência, o povo. Não há o que se discutir. Nem contestar. Que não se repitam os tristes atos e fatos de 2014 em que a soberania popular, desde que foi apresentado o primeiro boletim de urnas, foi contestada num espetáculo grotesco de enorme insensatez.

Impossível negar as sucessivas avalanches de teses que viam na “inconfiabilidade das urnas eletrônicas”, num TSE político e petista, na fraude imensa as razões para a derrota do probo Aécio Neves. Tudo auditado e nada comprovado, partiu-se para encontrar outra maneira de violar o inviolável mandato popular ao sabor dos interesses econômicos alvoroçados pelo temor de seus privilégios ameaçados.

Encontrou-se o caminho das célebres “pedaladas fiscais” muito semelhantes à (inexistente) “lei de domínio do fato” que serviu de pretexto para condenar alguns políticos no “mensalão petista”, uma das lambanças do Partido dos Trabalhadores. O tal domínio do fato, apurou-se depois, nada mais era que uma tese das milhares existentes nas universidades –essa, da Alemanha- jamais adotada em país algum, até que o Brasil, sempre pioneiro, o fizesse.

O mesmo se deu com o impeachment de Dilma, caminho mais curto para se submeter a vontade popular ao arbítrio do poder econômico, do “mercado”, dos que vivem –dedo em riste- apontando o descalabro do bolsa (miséria) família, mas nadando a braçadas largas na lama do bolsa empresário que se espraia pelos cofres do BNDES, do Banco do Brasil, do Tesouro Nacional com o reforço das bancadas ruralista, da bala e do mercado financeiro.

Sob a presidência do ministro Ricardo Lewandovsky, do STF, descobriu-se Dilma uma criminosa: crime de responsabilidade fiscal. Suficiente para mandar os mais de 50 milhões de votos, dados a ela pela maioria dos brasileiros, para a lata de lixo da historia.

Mas, e o que aconteceu depois?

Lewandovsky foi para casa. Dilma –com o mandato surrupiado- foi pedalar sua bicicleta pelas ruas de Porto Alegre. A grande maioria dos senadores e deputados retornou aos seus gabinetes aguardando o início de mais um espetáculo do “É dando que se recebe”. A ópera bufa de grande sucesso encenada regularmente pelos salões do Poder, em Brasília.

Sérgio Moro que o diga.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem