Antônio Melo: Não ao golpe


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Antônio Melo
Jornalista

As palavras do general Etchgoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional na televisão, jogaram um balde de água nas labaredas da crise que ameaçavam derreter a nossa democracia.

Calmo, mas bastante incisivo, o general ensinou que o espírito da tropa que não admite aventuras golpistas a partir dos quartéis.

Um recado que assegurou um sono tranquilo aos democratas, na noite da última terça-feira, quando a insensatez de extremos, desde a véspera, pregava a intervenção militar com a consequente derrubada do governo.

As crises são próprias da democracia como consequência da pluralidade de opiniões, crenças e, até, extremismos que nela convivem.

Os que clamaram pela volta dos militarismo do passado ou são insensatos ou, pior ainda, tramam contra a própria democracia em que vivemos hoje, tão duramente reconquistada.

O país está dividido, não há como negar. Nossa classe política vive um dos piores momentos da sua história, consequência ainda da destruição dos antigos partidos –UDN, PSD, PTB e tantos outros- que tinham em suas hostes políticos como Carlos Lacerda, Tancredo Neves, Miguel Arraes, Milton Campos, Juscelino, João Goulart- para substitui-los por duas legendas –Arena e MDB- um simulacro de partidos constituídos apenas para dar uma aparência de que aqui vivia-se numa democracia.

Era a ditadura buscando legitimar-se.

Nossa classe política estava à altura de qualquer outra do mundo. Mas foi saqueada pelo arbítrio que prendeu, baniu e cassou nomes da maior representatividade, que exerciam suas atividades à serviço do povo que os elegia. Hoje, ainda pagamos o preço daquela insensatez.

Querer voltar ao passado é negar a própria democracia. Dizer não a liberdade que permite até esses desatinos.

O passado ainda alberga impunes e condecorados, torturadores, assassinos e terroristas que explodiram a OAB, o Riocentro, dezenas de bancas de jornais. No presente convivemos com as chamadas “viúvas do talvez”, aquelas que tiveram maridos desaparecidos na longa noite da ditadura. No nosso meio há também mães que até hoje não conseguiram localizar os restos mortais de filhos desaparecidos nas masmorras do arbítrio, sacrificados com o beneplácito de ditadores que se arvoravam presidentes e que, por isso mesmo, se outorgaram o poder de vida e morte de outros brasileiros.

Estas feridas ainda sangram. E deveriam ser suficientes para desaconselhar qualquer aventura golpista, qualquer volta ao passado.

O Brasil quer democracia, legalidade e paz.

Golpe – O ministério público e a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) estão investigando a infiltração de militares das forças armadas e da Polícia Militar de alguns estados na greve dos petroleiros. Atos de sabotagem como o acontecido em Bauru, quando parafusos foram retirados de trilhos e provocaram o descarrilamento de um trem que manobrava carregado de combustível.


Também a violência contra alguns motoristas que não pretendiam aderir ao movimento, como a que matou um deles, em Rondônia. O MP anunciou que estão sendo identificados esses elementos para serem punidos de acordo com a lei de segurança nacional.

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