Ribamar Corrêa, Repórter Tempo
Roseana Sarney se prepara para a difícil campanha que vai enfrentar nos próximos meses na tentativa de voltar ao poder
“A Roseana está animadíssima, muito entusiasmada mesmo”. A afirmação foi feita pelo senador João Alberto, presidente regional do MDB, contrariando comentários que circulam no meio político, dando conta de que a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) estaria desanimada com o projeto de disputar o Governo do Estado. O senador João Alberto revelou inclusive que a candidata emedebista está trabalhando na montagem de uma agenda de campanha que prevê sua ida “a todos os municípios”. Sabe-se também que, ao mesmo tempo, tem mantido uma intensa rotina de conversas com políticos do interior, operando para remontar a sua base de apoio, duramente desmontada nas eleições de 2014 e, mais ainda, nas eleições municipais de 2016. Outras fontes informaram à Coluna que a ex-governadora está se movimentando em relação à pré-campanha, que pretende retomar em pouco tempo, agora com projeto de visitar todas as regiões antes da campanha oficial, que será iniciada na segunda quinzena de Agosto e vai durar apenas 45 dias.
Apontada pelas pesquisas publicadas até agora como dona de um cacife que varia entre 25% e 30% das intenções de voto, a ex-governadora e candidata do MDB até agora não se manifestou sobre o que pretende apresentar como base de um programa para defender durante a campanha. Até agora, Roseana Sarney deu poucas declarações sobre sua candidatura, limitando as manifestações a recados ao governador Flávio Dino (PCdoB), como “Eu vou pra cima!”, frase que repercutiu intensamente no meio político, interpretada que foi como um petardo endereçado diretamente ao chefe do Executivo. Além disso, Roseana Sarney vem contando com o apoio direto e aberto da sua megaestrutura de comunicação de massa para tentar minar o poder de fogo do governador Flávio Dino, que segundo as pesquisas feitas até aqui, lidera com folga a corrida às urnas com mais de 55% das intenções de voto.
Roseana Sarney tem plena consciência de que esta corrida pelo Governo do Estado é para ela um desafio gigantesco. Primeiro porque no seu bem sucedido histórico de disputas, ela ou alguém do seu grupo perdeu as eleições que disputaram fora do poder, sem o comando da máquina do Estado – em 2006, ela perdeu para Jackson Lago (PDT) e em 2014 o seu candidato Lobão Filho (PMDB) foi derrotado por Flávio Dino. Nestas eleições, a situação se repete, agora com Flávio Dino no comando do Estado e candidato à reeleição. Não bastasse isso, a candidata do MDB não conta com o apoio poderoso e decisivo de presidentes da República, como contou com Itamar Franco (PMDB) em 1994, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1998, Lula da Silva (PT) em 2006 e 2010. Agora, sua base federal é o presidente Michel Temer (MDB), que vem cometendo um desatino atrás do outro, é rejeitado por quase 90% dos brasileiros, tem a Polícia Federal no seu encalço e pode ser preso tão logo perca a proteção do manto presidencial, a partir de janeiro do ano que vem.
Mesmo somando-se todos os pontos negativos que rondam sua candidatura e ainda que as pesquisas lhe deem um teto, Roseana Sarney é uma candidata para ser levada a sério. Seus quase 14 anos de Governo permitiram que ela construísse um lastro de importantes obras de infraestrutura, projetos e programas arrojados, mas também foram marcados por fracassos retumbantes. Carismática, tem cacife político próprio. Nesse contexto, o seu maior problema é que vai enfrentar nas urnas o governador Flávio Dino, um político da nova geração, preparado, reformador e muito bem avaliado. Tanto que as pesquisas lhe dão vantagem confortável nessa fase de pré-campanha.
Se a candidata Roseana Sarney está tão animada como revelou o senador João Alberto, um dos esteios do Grupo Sarney, é porque algum fator que não veio à tona a está estimulando a encarar a situação que no momento lhe é inteiramente desfavorável.