Antônio Melo: Por que fazem isso com a gente?


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Antônio Melo
Jornalista

O Rio Grande do Norte já foi um dos estados mais promissores do Nordeste. Além da agricultura tradicional, explodia em Natal um polo têxtil que empregou milhares de pessoas. Tínhamos um “dominó de coincidências” formado pelo sal, calcário e petróleo que nos iria transformar em importante polo exportador de barrilha. Com a fábrica, em Macau, fábrica brotariam talvez uma dezena de outras fábricas. A barrilha é importante insumo para a indústria vidreira. Os empregos viriam aos milhares.

Nas cercanias de Mossoró vicejava a Serra do Mel com suas Vilas Rurais, importante e mais sério projeto de reforma agrária feito aqui, desde quando os índios potiguares devoraram o bispo Sardinha. Por lá, além de hectares e mais hectares de caju com sua cobiçada castanha, plantava-se também sorgo, milho, feijão em abundância.

Mais para lá de Mossoró, a Maísa exportava até melão espanhol que era exportado para a própria Espanha. Mas era apenas uma das espécies. As frutas abundavam em muitas fazendas para, igualmente, serem exportadas para a Europa.

O projeto Camarão mudou a vida de muita gente.

No Vale do Açu a irrigação permitiu que se plantasse de tudo. Inclusive empregos.

Natal virou destino turístico dos mais procurados no Brasil e atraiu também milhares de turistas internacionais. Com eles, milhares de empregos.

Mas cadê tudo isso?

Restou muito pouco. O turismo está nos estertores devido a alta criminalidade que transformou a bela capital na quarta cidade mais violenta do mundo e a primeira onde mais gente morre assassinada. Essa propaganda negativa já ganhou espaço até na primeira página do jornal “El Pais”, da Espanha.

O polo têxtil natalense desintegrou-se. Nada restou além de velhas histórias de quando as donas de casa não conseguiam mais empregadas domésticas porque todas estavam trabalhando no polo.

A fábrica de barrilha de Macau, além das mansões para diretores e engenheiros e da importação de todos os equipamentos da Holanda, transformou-se numa grande miragem. Nunca saiu do papel.

A Maísa acabou. A região continua produzindo muita fruta, principalmente melões, pelas mãos de empresário cearense.

A Serra do Mel é uma penosa lembrança sem incentivos. Seus cajueiros, de tão velhos, quase não produzem mais. O sorgo acabou e ali hoje pratica-se quase somente uma agricultura de subsistência.

A irrigação no Vale do Açu –com uma ajudazinha da natureza-é apenas uma sombra do que já foi.

Segue resistindo o camarão que teve sua origem no chamado “projeto camarão”. Hoje somos o maior produtor do Brasil e exportamos para diversos países.

Por que fazem isso com o Rio Grande do Norte?

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