‘Vou ver o que posso fazer’, teria dito Temer sobre contrato em porto

Depoimento do dono da Rodrimar contradiz resposta do presidente à PF

POR AGUIRRE TALENTO E BELA MEGALE, O GLOBO 
BRASÍLIA

O presidente Michel Temer - Jorge William / Agência O Globo/8-3-18


Em depoimento à Polícia Federal, o empresário Antonio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa investigada por supostamente ter se beneficiado de um decreto referente ao setor portuário assinado pelo presidente Michel Temer em 2017, contradisse informações que deu aos investigadores há pouco mais de três meses no mesmo inquérito. As declarações também vão de encontro ao que o próprio presidente disse em janeiro ao responder a um questionamento da Polícia Federal.

Na quinta-feira, ao ser preso na operação Skala, que teve como alvos amigos e aliados de Temer, Grecco relatou que pediu ajuda ao peemedebista na época em que ele era vice-presidente para resolver o embargo de uma obra de interesse da empresa no Porto de Santos. A resposta do presidente, segundo ele, teria sido “vou ver o que posso fazer”.

Em dezembro, porém, quando falou sobre o mesmo caso, Grecco relatou que esteve três vezes com Temer, mas que não tratou da questão portuária.. “(...) não conversaram sobre as questões do setor, tendo tratado apenas de amenidades naquela oportunidade”, diz a transcrição da oitiva de Grecco.


Já o presidente foi questionado pela PF sobre se já havia se encontrado com Grecco fora do ambiente de trabalho e se o empresário havia feito algum pedido a ele. Na resposta, Temer disse: “Encontrei-me com o sr. Antonio Celso Grecco em uma festa de aniversário de um amigo comum. Nenhum pedido me foi formulado por ele, nem nesta e nem em ocasião nenhuma”.

Na operação Skala, a PF também apreendeu documento com referência a Temer em uma das sedes da Rodrimar. No entanto, não havia nele maiores detalhes. O documento foi encontrado na sala de um dos gerentes da empresa em Santos (SP). Os policiais também encontraram documento sobre a Argeplan, empresa do coronel João Baptista Lima, suspeita de ser usada para repassar propina a Temer.


Ontem, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber negou pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Grecco. Rosa entendeu que não caberia habeas corpus no caso e que Grecco precisa aguardar uma definição de sua soltura pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, relator do caso.


Barroso, por sua vez, também proferiu decisão afirmando que só pode decidir sobre a revogação das prisões depois que a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República tomarem os depoimentos dos investigados, o que deve ocorrer até a próxima segunda-feira. A prisão temporária deles vence na segunda.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem