Em reunião da SEMA vereador Venâncio do Peixe lança ideia para repovoamento do Rio Mearim


O vereador Venâncio do Peixe (PDT), presidente do Sindicato dos Pescadores de Bacabal e vice-presidente do Conselho de Bacia Hidrográfica do Rio Mearim, participou, nesta terça-feira, 23, em São Luís, de reunião da equipe de Superintendência de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA) na qual foi realizado o planejamento compartilhado, 2018, dos Comitês de Bacia Hidrográfica dos rios Mearim e Munim, com o órgão gestor, a própria SEMA.

Do encontro também participaram os técnicos da Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh).

Venâncio do Peixe aproveitou a reunião para lançar a ideia do repovoamento do Rio Mearim, e dos lagos da região, com espécies nativas de peixes da própria bacia. A proposta, segundo avaliação do próprio Venâncio, foi muito em recebida, obtendo o apoio de todos os presentes e o compromisso da elaboração de um projeto que possa ser colocado em prática dentro de um curto prazo de tempo.

Entenda como funciona o processo de repovoamento de rios e lagos
Método é importante para a conservação de espécies aquáticas


Tão importante quanto o reflorestamento de áreas desmatadas, proporcionando a recuperação de ecossistemas importantes, está o repovoamento de rios e lagos, que devido a fatores externos, como a poluição e a pesca predatória, por exemplo, se tornam ambientes nocivos a várias espécies de animais aquáticos. Assim que um ecossistema marinho é recuperado, o trabalho de repovoamento se faz necessário para a recuperação da fauna local.

Conforme explica Raquel Moura, professora do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o processo de repovoamento inclui a liberação em um ecossistema aquático de alevinos (peixes recém-saídos do ovo), normalmente oriundos de sistemas de aquicultura (cativeiro) de espécies que estejam extintas, em processo de extinção, ou cuja população esteja comprometida.


Raquel Moura, do Departamento de 
Pesca e Aquicultura da UFRPE 
(Foto: Divulgação)

A docente destaca outros fatores que comprometem ambientes marinhos, como os barramentos provocados por hidrelétricas, que impedem a ascensão migratória de peixes para reprodução; e a introdução de espécies exóticas predadoras. A professora ressalta que o repovoamento não é a única ferramenta disponível para a recuperação de populações ameaçadas de extinção, extintas ou que sofrem da pesca predatória.

“Outro aspecto relevante é a recuperação, ou reabilitação, de habitats que aumentem a conectividade dos rios, disponibilizando passagens para que os peixes alcancem, por exemplo, lagoas marginais, onde desovam e se alimentam. Da mesma forma, ações de manejo, como a regulamentação de aparelhos de pesca, o respeito à época de defeso e a delimitação de áreas de conservação permanente, devem ser implantadas em paralelo ao programa de repovoamento”, explica.


Com relação aos métodos de repovoamento, Raquel destaca que, em linhas gerais, uma das maneiras de repovoar um habitat marinho se dá pela disponibilidade no local de reprodutores, de ambos os sexos, da espécie em questão, cerca de 50 casais (número mínimo), que podem ser obtidos do ambiente natural, ou de cativeiro. Quando os indivíduos são obtidos do cativeiro, faz-se necessária uma avaliação para eliminar aqueles que têm proximidade genética.


“Aspectos ecológicos, genéticos, de biosseguridade, sociais e econômicos devem ser considerados em um programa de repovoamento. São essenciais as informações sobre a estatística pesqueira no local e a época de reprodução das espécies. Além disso, é preciso saber qual é a disponibilidade de alimento, quem são seus predadores e presas, quais os riscos e impactos prováveis do repovoamento, entre outras coisas”, conta Raquel.


A professora lembra que a maior parte dos repovoamentos no Brasil é feita por empresas hidrelétricas e órgãos federais, como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), além de instituições estaduais e municipais. Com relação ao perfil do profissional que lida com repovoamento, ele deve, segundo afirma a professora, ter conhecimentos em reprodução e desova, nutrição, estatística de pesca e métodos de avaliação de estoques, legislação ambiental, fisioecologia e genética.


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