Rogério Alves
Advogado
Um dos deputados mais assíduos da Câmara, Tiririca dá uma lição de seriedade na política. O palhaço vê a maioria dos parlamentares trabalhando para atender interesses próprios, em detrimento do povo.
Infelizmente não podemos exigir que ele queira ser um mártir e comece a denunciar todo mundo que faz coisa errada no congresso então, temos que nos contentar com a afirmação genérica de que há parlamentares bem intencionados, mas que não conseguem trabalhar porque o "sistema" não deixa.
É sintomático que um artista que ganhou a vida honestamente como um palhaço, seja responsável pela melhor avaliação da política e dos políticos: "A partir do exato momento que você entra, ou entra no esquema ou não faz. É uma mão lava a outra. Tu me faz um favor, que eu te faço um favor. Eu não trabalho dessa forma", desabafou.
Tiririca conta que, certo dia, uma rapaz o procurou para oferecer um "negócio" de aluguel de carro. "O cara disse, 'bicho, vamos fazer assim, tal, o valor tal'. Eu disse: acho que você está conversando com o cara errado. Não uso carro da Câmara, o carro é meu.
Após se eleger duas vezes deputado com mais de um milhão de votos não resta mais duvidas sobre o seu potencial eleitoral, mas pensa em desistir da política e faz outra avaliação inteligente sobre a possibilidade de disputar mais um mandato: "Mas, para fazer o que? Passar oito anos e aprovar um projeto", desabafou o deputado, que só conseguiu aprovar uma de suas propostas em sete anos de mandato: a que inclui artes e atividades circenses na Lei de incentivo à cultura.
Hoje tem palhaço? Tem sim senhor. Hoje tem palhaçada? Tem não senhor.