Esse
vídeo que você está vendo aí em cima foi produzido por mim como uma mensagem de
final de ano para a antiga e boa TV Difusora de Bacabal. A data, o ano pouco
importa. O que importa é que durante o seu período de exibição ele provocou um
fato que me chamou a atenção é que agora eu narro aqui.
Walter
Corrêa, o protagonista, me encontrou pelas bandas da Casa Pimenteira, ou
simplesmente o Gramixó, me chamou para um canto e me falou: - Abel eu estava
fazendo compras no mercado com Iolete e uma menininha ia passando com a sua avó
e ficou me olhando, me olhando... passou por mim ainda me olhando, a avó dela
puxando ela pela mão e ela virando e me olhando. Depois ela puxou a avó pela
mão, parou e disse: vovó olha o artista. É ele quem canta aquela mensagem na TV.
Walter
finalizou emocionado e entre lágrimas e sorrisos: - Abel essa foi a primeira
vez que me chamaram de artista.
Eu
também sorri. Chorei depois, mas em casa.
E
era isso que Walter Campos Corrêa, o Macalé, era, um artista, embora tenha se
escondido por toda a vida usando como disfarce o manto da boemia.
Artista
porque trazia consigo o dom de saber viver o viés do artista da bola, o viés
do artista plástico, o viés do bom vendedor, o viés do trabalhador pai de
família e o viés da boemia que lhe permitia sustentar e esconder todos esses dons.
Hoje
Bacabal perde tudo isso e perde mais: perde um grande pedaço da sua ainda insípida
história. Macalé era um homem preocupado com as “coisas” de Bacabal. Foi por
isso que nos unimos na produção do clip acima. A ideia inicial era apenas regravar
a música Bacabal a rainha do sertão, de autoria do seu cunhado Vadoca e outro
bacabalense proeminente, mas também desconhecido chamado Osvaldo Eurico.
Foi
difícil encontrar o vinil. Quem acabou me salvando foi o próprio Walter. Fomos gravar
o áudio no estúdio do Rodrigo, do Judson e do Tiago. Deus colocou a sua mão, o
estúdio tinha o forro acústico no tom azul. Mudamos a ideia, gravamos tudo em
vídeo e o resultado é esse que você vê aí em cima.
Hoje
eu conto essa estória aqui para saudar um grande artista, um grande homem tão
desprestigiado e esquecido quanto os outros muitos que amaram essa terra, trabalharam
por ela e já se foram.
Conto
para fazer história, a história de Bacabal e a história de Walter Campos
Corrêa, o Macalé, A Voz, ou, simplesmente... O Artista.
Hoje eu vou andar por aí meio sem rumo, lançar mãos dos meus últimos trocados, passar - sem entrar -, na porta da sua casa, parar e beber alguma coisa em frente a antigos locais como o Barão de Tefé, o Veleiro Bar, o Palhoção e a Graça Rocha - Restaurante Colonial -, quem sabe assim eu talvez consiga voltar a ouvir A Voz, a voz de Walter Corrêa.
Abel
Carvalho
Hoje nossa cidade é/foi detentora de inúmeros artistas que estão num patamar cultural bem elevado, como foi o caso do grande artista Walter Corrêa, particularmente não conhecia muito bem o seu trabalho, mas sempre ouvia falar dele nas narrativas que surgiam durante reuniões de família, inclusive o seu vídeo mostra o meu Bisavô eu seu comercio, Raimundinho Gangá, a quem tenho como uma grande referência.
ResponderExcluirNão quero acreditar que Bacabal vai repetir o erro que a nossa capital cometeu a anos atrás, ao reconhecer o grande valor simbólico que Mestre Coxinho agregava à manifestação cultural Bumba-meu-Boi, passando assim a reconhecê-lo enquanto um grande artista depois de seu falecimento.
Vamos regravar as belas canções que esses artistas já compuseram, vamos realizar um verdadeiro e autêntico festival de musicas locais, para que assim, de fato, a cultura local seja enaltecida pelos próprios bacabalenses.
Aproveito, e parabenizo ao Jornalista, poeta e diversos outros papeis que tenho certeza que ele deve assumir com um grande compromisso,responsabilidade e competência : Abel Carvalho, a quem ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente. Daqui de São Luís, sempre que posso estou acessando seu blog, onde eu deposito uma grande confiança.