A 12ª Estação

Tento erguer os pés e levantar pela última vez a cabeça
Aperto as cotas contra a cruz e fixo os olhos no infinito
Respiro fundo e meu rosto pende sem controle
Enfim me entrego a Ti chamando o Teu nome
Aí descubro viver a 12ª Estação e duvido de tudo
Perco de vez a fé
Pois não sei para aonde vou
Como posso ainda acreditar se nem ao teu próprio filho Tu defendeste
Estou aqui preso entre a vida e a morte
Sei que para mim não existira a 15ª Estação
E tento recuar
Fugir
Em vão
Não consigo
Estou preso em meu próprio destino e tenho consciência
Mesmo sem querer devo aceitar a minha sina
E sei que não salvarei ninguém
Nem a mim mesmo
Nem a minha mãe
Nem aos meus filhos
Descubro que foi tudo em vão
E me despeço num gesto único e solitário
Que nem mesmo reconheço
Não quero ir
Mas sigo em frente
Não posso mais voltar
Se nessa passagem recobrar a fé
Aí talvez me reste a 15ª Estação

Abel Carvalho

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